Eco Zazu

 Eco do passado, do presente e do futuro, dispersa entre temporalidades e suas versões, é uma artista visual drag queer florianopolitana proveniente de um ovo deixado numa mínima ilha de três metros quadrados próxima a Ilha do Campeche em 1996. Deambula, desde então, entre formas de ser e de se expressar, entendendo-se como uma construção contínua constituída por cada movimento-performance, cada pintura, cada fotografia ou vídeo que produz: um projeto de arte que produz projetos de arte, vice-versa.

Também conhecida por Allan Cardoso, atualmente mestranda em Artes Visuais pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2021), pesquisa através de seus trabalhos noções de identidade, gênero e subjetividade, tornando o próprio eu objeto de um estudo minucioso que, contrário às aparências, diz respeito não só a si, mas também a inúmeros seres que se tornam políticos meramente por existir sem renunciar à sua subjetividade inconveniente ao sistema cisheteronormativo de organização/catalogação dos corpos e sexualidades. Como um ser não-binário explorando limites e códigos de gênero, questionar-se “Quem sou eu?” é lembrar que a ficção da identidade é de cômodo acesso aos que se enquadram em uma sanção hegemônica, enquanto sujeitos transviados precisam relacionar-se com diferentes áreas de subcultura para ativarem sua consciência de si (André Vilarins,2014); além de colocar suas experiências íntimas e pessoais como algo digno de olhar e ser olhado, seja numa festa, galeria ou produção acadêmica.

Eco (da ninfa grega condenada a repetir o que ouve) Zazu (de seu apelido quando criança) existe entre o mitológico e o mundano, íntimo e público, silêncio e barulho, digital e analógico, kitsch e erudito, alegorias e cruezas, ego vazio e transbordado. Cansada de navegar entre extremos, cruza as pernas aqui mesmo.

 

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